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emporios das especiarias, navegando em torno da extremi-
dade sul do novo mundo; e chegaram a partir de Portugal
expedições em demanda d'um caminho para a India pelo
sudoeste.
O merito de ser o primeiro a mostrar a vantagem de tal
empreza, cabe a Americo Vespucci que chegou a acompa-
nhar duas expedições, em procura da nova derrota.
É, pois, facto perfeitamente admissivel que Behaim tenha
traçado uma carta, expondo os resultados destas viagens, e
que Fernão de Magalhães tenha visto tal mappa ou até que
lhe tenha sido mostrado pelo proprio auctor, porquanto a ex-
pedição só largou de Portugal em 1504. Nesta hypothese,
porem, é para admirar o silencio dos historiadores portugue-
zes e, designadamente, de João de Barros, que não teriam per-
dido a occasião de cercear a gloria de Fernão de Magalhães,
como descobridor, se tivessem tido conhecimento de tal
mappa *?.
É muito mais provavel que o opulento commerciante e
dedicado amigo de Magalhães, Christobal de Haro, que
contribuiu com 4:000 ducados para a expedição, lhe tenha
comunicado algum mappa, contendo os resultados das suas
proprias tenlativas no Brazil, como refere o Veue Zeitung.
Tal carta corresponderia áquella de que falou Gomara.
De todo, perfilhamos, pois, a opinião de Wieser?, quando
diz que «é mais do que duvidoso ter sido cbra de Behaim
> mappa visto por Magalhães».
Passamos agora a examinar as relações que se suppõe
terem existido entre Behaim e Colombo. A de Herrera, de-
pois de se referir ás vistas de Colombo sobre a facilidade
de alcançar a Asia oriental, navegando para o occidente,
accrescenta: «y esta opinião le confirmo Martin de Rohemia,
«Portugues, su amigo, natural de la isla de Fayal, gran
«cosmographo».
t Entre outras, a de Juan de la Cosa (1500); a de Canerio (1502); a carla cha-
mada de Cantino, feita em Portugal (1502).
? Navarrete, Coleccion, ww, pag, xxxvt; Humboldt, Krit. Untersuchungen, 1
ag, 255, 303.
3 Loc, cit. vag. 51.