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sem sido acceitas e mesmo defendidas até ao meado do seculo
corrente. No dizer de Wagenseil, Martim Behaim, n'um navio
que lhe obteve a duqueza Isabel de Borgonha, descobriu o
Fayal, d'onde atravessou o oceano, encontrando as ilhas cuja
descoberta é attribuida a Colombo, bem como o estreito conhe-
sido hoje pelo nome de Magalhães.
Invoca Wagenseil, como argumentos, diversas citações,
cuja minuciosa analyse não deixa a minima justificação para
as Suas asserções.
Assim, entende Wagenseil que as expressões «alter orbs»
e «alium orbs», contidas no Liber Chronicarum de Sche-
del, se referem ao «novo mundo», quando a existencia
d'este era completamente ignorada do mesmo auctior que,
só hypotheticamente, fala d'uma parte quarta do mundo,
considerando-a como inaccessivel por causa do calor e habi-
tada pelos fabulosos antipodas. Wagenseil cita tambem as,
já por nós mencionadas, annotações á La Historia del mondo
novo, de Benzoni e uma passagem de Riccioli (Geographia
et hydrographia reformata, L. mu, c. 25) na qual, entre
outras cousas, se attribue a Bebhaim o ter apontado a
Colombo o caminho do novo mundo, idéa esta evidente-
mente originaria de Herrera.
Além disto, recorre a suppostas declarações verbaes
feitas pelo filho de Behaim, quando veiu visitar os seus pa-
rentes em Nuremberg, e a dois volumes manuscriptos,
ainda hoje existentes na bibliotheca d'esta cidade, que fo-
ram cuidadosamente examinados por Ghillany. O primeiro
d'estes manuscriptos, intitulado Patricii reipublicae Norim-
bergis, É uma compilação destituida de auctoridade, com-
posta para enaltecer umas 83 familias patricias da cidade
imperial. Tudo quanto alli se diz ácêrca de Martim Be-
haim, é «ter elle sido um famoso cavalleiro que navegou
«pela India e descobriu novas ilhas». O outro manuscripto
tem por titulo Annales Norimbergensium. É uma recopi-
lação que, pelo senado, foi confiada a João Múllner, se-
cretario do municipio, fallecido em 1634. Nesta obra,
lê-se o seguinte: «Martim Behaim, cujos paes foram Mar-
«tim Behaim e Agnes, filha de Guilherme Schopper, viveu
«no tempo do imperador Carlos V (reinou de 1519 a
«1556!). Foi celebre mathematico e astronomo e, com