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Assim, M. Pimentel, (4te de navegar, Lisboa, 1762, 
pag. 15) interpretando mal a referencia de João de Barros, 
diz-nos: «o astrolabio se inventou em Portugal em o tempo 
«del Rei D. João II por mestre Rodrigo, e mesire José e 
«por Martim de Bohemia, discipulo do grande João de 
«Monte Regio». 
Francisco de Borja Gurção Stockler, que, certamente, 
devia estar melhor informado, contenta-se em reproduzir 
esta inexactidão no seu Ensaio historico sobre a origem e 
progresso das mathematicas em Portugal (Paris, 1819)". 
Muito mais imaginosa ainda, é a versão que nos dá An- 
tanio Ribeiro dos Santos na Memoria sobre alguns mathe- 
maticos portuguezes (Mem. da Litt. Port., xur. Lisboa, 1812, 
2.º ed., 1856, pag. 164) que diz de Behaim: 
«Foi este discipulo do famoso malhematico João de Monte Regio, pro- 
«fessor de astronomia, e applicou-se com muto particular cuidado à cosmo- 
grafia e à nautica, Elle vein ao serviço de Portngal, e foi bem recebido dos 
«reis D. Affonso V, e D. Juão 11 pela nobreza da sua pessoa, e por atlenções 
«á sua profissão, e pratica... D'elle, dizem os seus, que foi o primeiro que 
rapplicou a invenção da bussola ao giande nuso da navegação (j!) o que bas- 
(taria para dar immortalidade ao seu nome, e muita honra à Allemanha, sua 
«patria... À este, como aos mestres José e Rodrigo, hebreus, foi encommen- 
dada à empreza de descobrir maneira para que à navegação, que alé alli se 
vazia ao longo da costa, se podesse fazer pela altura do sol. e no alto mar». 
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É muito menos phantasiosa a opinião de Sebastião Fran- 
cisco de Mendes Trigoso (Memoria sobre Martim de Bohe- 
mia — Mem. da litt. port., vm, pag. 371), o qual diz que 
Behaim sendo: 
«discipulo de Monte Regio devia necessariamente ter noticia do seu meteo- 
«roscopio, do seu astrolabio armilar e das taboas de declinação do sol, fican- 
«do-lhe assim mais facil a applicação d'estes instrumentos ao uso da mari- 
«nha». 
Menos se preoccupa ainda com a verdade historica, no 
que muito recentemente aflirmou, J. P. de Oliveira Martins 
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1 Conhece naluralmente à dilferença entre o astrolabjum ou planisphererium de 
que se servem os murenntes, e o astrolabium descripto no Almagest de Plolmeu e o 
nuuadrante azimuthal de 'Fycho Brahe.