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10me dalguma tragedia tal como a da morte de Diogo Cão, Por outro lado,
a nomes que lrazem à ideia à expedição de Bartholomeu Dias, como, por
exemplo, S. Bartholomeu Viego (viego nem é portuguez, nem italiano, nem
allemão, e mal se póde admittir que, por errata, corresponda a velho, não
havendo santo com tal qualificativo); «Roca», que lembra o golpho de Roca
da carta do dr. Hamy; Angra do Gatto, que se póde identificar com Angra
das Vaccas, apontada por Juan de la Casa, pois, como Behaim escreveu
«Rio de Patron» em vez de «Padrão», é possivel que tenha escripto Gallo
am vez de Gado,
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FOAANSS
Outra particularidade que não deixa de chamar a atten-
ção, ao examinar-se o globo, é a seguinte: ao passo que abun-
dam os esclarecimentos relativos a Guiné, são pelo contra-
rio muito raros para as regiões ao sul do cabo de Santa
Catharina, isto sem falar de erros crassos no traçado, mui-
tos dos quaes saltam á vista, como a indicação do padrão
na margem norte em vez de na margem sul do rio.
Behaim deveria conhecer o verdadeiro local onde este foi
erigido, se tivesse acompanhado Diogo Cão.
Por outro lado, encontra-se, para o norte, uma legenda
mencionando «O Rey Organ!», que já figura como «Ore-
gena» no mappa de Angelino Dulcert (1339). Por analogia,
é admissivel fazer corresponder este nome a « Ogoné», men-
cionado por João de Barros (Asia, t 1, pag. 181), e ácerca
do qual o rei ouviu de João Affonso de Aveiro narrações tão
curiosas que, tomando-o pelo mysterioso preste João das
índias, mandou, sem demora, a Jerusalem frei Antonio de
Lisboa, para colher todas as informações que podesse ácerca
T'elle.
Behaim tambem indica «O paiz do Rei Furfur, no qual
cresce a pimenta achado por El Rey de Portugal anno
1485.» Ora este rei Furfur, cujo nome não ápparece em
1 informaram D. João II que este Ogané se encontrava n'um ponto a «vinte luas
de andadura ao oriente d'el-rei de Benin», Ora isto é evidentemente erroneo, por-
quanto Ogané ou Ghana é o lítulo assumido pelo regulo de Walala, e tambem, se-
gundo Barth, (Reisen, 1, pag. 681), pelo rei dos Moses (Mosi), o qual não era
mouro nem gentio, e que em muitas cousas se conformava em costumes, com o povo
christão, d'onde el-rei vinha à conjecturar, que o dizia por o Preste João, que ello
tanto desejava descobrir (Asia de João de Barros, Dec. 1, 1. 111, e. 7). De facto e
Dregana, ou Ogana, de Dulcert e do mappa catalão, pertence a Walata, o passo
que o Ogané, de João de Barros, era «el-rei dos moses» e um visinho do rei de
Benin.