sido assassinado com seu irmão, como se suppõe, por ordem
de Ricardo III, em 1483, pretenção admittida pela duqueza
viuva de Borgonha ?
VIII
Behaim, Colombo e Magalhães
Antonio Pigaletta, na sua narração da primeira viagem á
roda do mundo, publicada pela primeira vez em 1536, diz-
nos que Fernão de Magalhães tinha a certeza de encontrar
um estreito communicando com o oceano Pacifico, «sapea á
«dever navigare per uno slreltto molto nascosto, avendo
«cid veduto in una carta serbata nella tresoreria del Re di
«Portugallo, o fatto de Martino di Boema, uomo excellen-
«tissimo» *.
Aflirmação tão positiva, feita por um dos companheiros
de Fernão de Magalhães, é de um valor indiscutivel e tem
sido invocada por todos aquelles que, ulteriormente, escre-
veram sobre o assumpto.
Já, Frei Bartholomeu de las Casas (1474 a 1566), que,
em 1518, pessoalmente conversára com Fernão de Maga-
lhães, sem se pronunciar uma unica palavra ácêrca de tal
mappa, accrescenta, citando Pigafetta como auctoridade,
que Magalhães tinha a certeza d'encontrar o estreito: «ha-
bia visto en una carta de marear, hecha por un Martin de
«Bohemia, gran piloto é cosmógrafo, que estaba en la Tre-
«sorería del rey de Portugal ?».
Antonio Herrera (1559-1625), a cuja disposição esti-
veram os archivos de Philippe II, talvez encontrasse O
liario apresentado por Pigaletta a Carlos V e outros do-
cumentos de que hoje já não dispômos, mas, é evidentemente,
extrahido da obra de Las Casas o que contêm a sua Historia
General de las Indias (Dec. nu; ln; ce. 19, 20 e 21),
sobre «una carta de marear que hizo Martin de Bohemia,
1 V 21 de outubro de 1520 (Primo viaggio in torno al globo. Milão, 1800,
pag. 36). V. The Discovery of North America, pag. 438, de H. Harisse que cita
um manuscripto francez em que se atiribuem a Fernão de Magalhães às seguintes
palavras : «quil y avoit ung aultre estroict pour saillir, et dist quil le scavoit bien
pource quil lavoit veu par une carte marine du roy de Portugal. La quelle carte
ng grand pilot et marinier nomme Martin de boesme avoit faictes»,
2 Historia de las Indias, 1, e. 101, pag, 377. Madrid, 1876.